sábado, 30 de setembro de 2017

- MANUTENÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DAS COLMEIAS -

A partir deste título podemos encaixar os mais variados temas que estão directa ou indirectamente relacionados com a produção das colmeias, onde na sua maioria podem ser discutíveis, pelas mais variadas técnicas ou formas de trabalhar.

Contudo, existe algo que é indiscutível, a idade e qualidade das rainhas, pois sem ovos não se fazem omoletes, e neste caso, sem ovos não há abelhas!


Em Portugal continuamos a assistir a discussões sobre a idade e qualidade das rainhas, pois temos por hábito referir que temos ou já tivemos rainhas com 3 anos que fazem inveja a algumas rainhas novas…

Muitas das vezes, estas rainhas que pensamos que são velhas, já foram substituídas, tratando-se de uma filha, e no caso de serem velhas e boas, são uma pequena percentagem… e como foram boas damos-lhe sempre mais uma oportunidade, até que chega o Inverno, vão abaixo e morrem.


 Numa exploração profissional, não nos podemos dar ao luxo de deixar a natureza seguir o seu rumo, pois se vivemos exclusivamente das abelhas ou estas contribuem significativamente para o nosso rendimento familiar, temos de produzir e garantir um rendimento mínimo que nos permita viver com qualidade e pagar as despesas da exploração.

Ao permitirmos que a natureza siga o seu rumo, iremos ter apiários com rainhas novas, velhas, boas, más, assim, assim… digamos que teremos sempre apiários pouco uniformes ao nível da produção individual de cada colmeia, e pior, teremos sempre colmeias que nos ocupam tempo, gastos com alimentação e o seu fim é sempre o mesmo… morrem! Na maioria dos casos tratam-se de rainhas velhas ou esgotadas.

Percentualmente, temos sempre 30 e pouco % de colmeias que produzem bem, 30 e pouco % de colmeias que produzem dentro do aceitável e 30 e pouco % de colmeias que nunca chegam a produzir.



São situações que devem ser evitadas a todo o custo!

A forma de podermos minimizar este problema, aumentando a produção média por colmeia e garantindo uma produção anual regular é garantirmos que possuímos rainhas novas em todas as nossas colmeias.

Pode parecer suspeita esta minha intervenção, pois sou criador de rainhas e quero vender rainhas, mas neste caso somos todos apicultores e todos sabemos que é uma grande verdade.

Cada vez mais sou da opinião que devemos mudar anualmente as rainhas de todas as nossas colmeias, pois as vantagens que temos superam largamente os custos desta operação.

Quantas colmeias nos morrem todos os anos com rainhas velhas e esgotadas? Quanto dinheiro de prejuízo isso representa? Da experiência que tenho em manter centenas de enxames novos de um ano para o outro, as percas são mínimas, nunca ultrapassando os 5%.

Quanto tempo perdemos no controlo da enxameação, ou quanto dinheiro de prejuízo representam as colmeias que enxameiam? Com rainhas novas, em anos normais e um maneio adequado, são poucas as colmeias que enxameiam, não havendo necessidade de revisões semanais.

Se somarmos tudo isto e compararmos os prejuízos em relação aos benefícios de termos ou não rainhas novas, muitos ficariam surpreendidos com o resultado.

Eu o ano passado em transumância para o Castanheiro e Carvalho, tendo sido um ano péssimo, os apiários sem controlo da idade das rainhas produziram uma média de 5Kg de mel. Os apiários com rainhas novas produziram uma média de 20 Kg de mel, havendo colmeias com 4 meias alças cheias. 



Ora bem, assumindo que queremos trocar as nossas rainhas anualmente, como e quando o devemos fazer? Alvéolos reais? Rainhas virgens? Rainhas fecundadas?
Todas estas são opções válidas.

No nosso caso, optamos por dividir no final da época em Outubro (quando os outonos vêm bons), todas as colmeias fortes e colocamos uma rainha fecundada a todas no primeiro ou segundo dia após divisão. As mais fracas mata-se a rainha e introduz-se também uma rainha.

Outra das épocas que gostamos de substituir rainhas é em Março, onde aproveitamos também para fazer alguns desdobramentos e enfraquecer as colmeias fortes, substituindo todas as rainhas.

Outra opção é o uso de alvéolos reais, é uma opção simples e barata, contudo requer um planeamento rigoroso ao nível das datas de disponibilização dos alvélolos, pois recomendamos trabalhar com alvéolos de 15 dias, ou seja a rainha nasce no dia seguinte. São alvéolos que nos dão algum conforto, pois são mais resistentes, uma vez que já temos uma rainha completamente formada e pronta a nascer.




Nem todos têm esta oportunidade de ter alvéolos nas datas certas, ou à-vontade no seu manuseamento, sendo o uso de rainhas virgens ou fecundadas a melhor opção.

DICAS:

a) - Aproveite épocas do ano em que as colmeias estejam mais fracas (inicio da primavera ou Outono), ou seja possível enfraquecer as mesmas a partir de desdobramentos (durante a primavera ou após cresta);

b) – Evite substituir rainhas em colónias fortes; Quanto mais forte estiver a colónia maior será a taxa de insucesso na introdução;

c) – Encontre e mate a rainha velha, introduzindo as rainhas novas 48 horas depois; Também é usada com muito sucesso a morte das rainhas 7 dias antes da introdução das rainhas novas, contudo obriga à destruição dos alvéolos reais; Em colónias fracas ou que foram bastante enfraquecidas pelos desdobramentos, ficando reduzidas a 4 ou 5 quadros de abelhas pouco povoados, pode introduzir as rainhas logo após a morte da rainha velha;

d) – É recomendado usar rainhas fecundadas para a substituição de rainhas velhas, pois aumenta consideravelmente a taxa de sucesso;

e) – Alimentar nas semanas seguintes com alimento estimulante;

Quanto às rainhas virgens, da experiência que temos com a raça ibérica, tudo funciona melhor ao nível da aceitação se houver mistura de abelhas, algo que só acontece quando fazemos enxames novos, sendo que para a substituição de rainhas aconselhamos as rainhas fecundadas.

Mais uma vez o processo é bastante simples, mata-se a rainha velha e coloca-se uma rainha nova no primeiro ou segundo dia seguintes e alimenta-se com alimentação liquida.


Esta é a forma mais rápida e segura de manter a capacidade produtiva da nossa exploração, minimizando altos e baixos anuais. Basicamente não podemos permitir ter “colaboradores” na nossa empresa que recebem um ordenado e em nada contribuem para o rendimento da empresa!

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

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