terça-feira, 16 de agosto de 2016

O QUE FAZEMOS... E COMO SELECIONAMOS AS NOSSAS ABELHAS!

A nossa exploração tem como base a criação de material vivo seleccionado (abelhas rainhas e enxames), da Subespécie “Apis mellífera iberiensis”.

Além disso, produzimos “mel monofloral” de rosmaninho (Lavandula stoechas), “mel monofloral “de Castanheiro (Castanea sativa), melada de Carvalho (Quercus pyrenaica) e pólen, tendo este, origem floral maioritariamente de Esteva (Cistus ladanifer).

Apenas trabalhamos com abelhas rainhas criadas artificialmente, seja na forma de alvéolo real, rainhas virgens ou fecundadas, tendo todos os enxames comercializados por nós, a garantia de possuírem um rainha com boa proveniência genética.

Seleccionamos anualmente, de forma massiva, num universo de cerca de 800 colmeias, as colónias mais produtivas na produção de mel de Rosmaninho, e, através de transumância em altitude, as colmeias que melhor produziram mel de Castanheiro e melada de carvalho, fazendo uma intersecção das mesmas. Esta selecção tem como cuidado eliminar colmeias, que possivelmente beneficiaram da deriva de abelhas de outras colmeias (ex. das pontas dos apiários), e que a sua produção não está relacionada directamente com a qualidade da rainha.

No final do Verão, as colmeias seleccionadas, são reunidas num único apiário, sendo feita uma análise cuidada às suas características individuais, ao nível do seu vigor, nº de quadros de criação, aspecto e padrão da criação, ausência de doenças, calma das abelhas no quadro e por último, a defensividade (uma característica que achamos secundária, nesta fase). Quanto à enxameação, assumimos que se a colónia teve uma boa produção de mel, não terá enxameado.



Nesta fase é feito o primeiro teste higiénico, através da técnica do “pin”, medindo a % de remoção da criação, pois como não há entrada de néctar, os resultados são mais fiáveis, uma vez que a entrada de néctar provoca a estimulação das colónias e consequentemente o aumento do seu nível de higiene e limpeza, adulterando os resultados.

Cada uma destas colmeias é tratada com o mesmo tipo de maneio ao longo do Inverno, sendo no final deste período, verificado as que invernaram melhor e mantiveram um bom vigor, bem como uma elevada população.

Após o Inverno é feito um novo teste higiénico, bem como várias análises às características já descritas, fazendo posteriormente uma média dos resultados, seleccionando as melhores rainhas, que serão as matriarcas desse ano.

As matriarcas, vão sendo sempre acompanhadas ao longo da campanha, havendo uma avaliação continua.

Durante o início da época de 2017, vamos iniciar também, um programa de selecção através de inseminação artificial, onde se irá proceder ao cruzamento de algumas matriarcas que achemos conveniente, fazendo filhas das mesmas.

Iremos também em 2017, fazer análises genéticas ás colónias matriarcas a fim de garantir que nenhuma possua contaminação genética de outras subespécies de abelhas, nomeadamente da linhagem M e C, pois a nossa abelha ibérica portuguesa, segundo os estudos genéticos efectuados, pertence à linhagem A.

Além destes métodos, possuímos várias colónias inseridas no programa internacional de selecção genética “SmartBees - Sustainable Management of resiliente bee populations”, do qual, além das técnicas anteriormente referidas, inclui também a resistência das colónias à varroa.


Apesar de estarmos inseridos neste programa, só a partir de 2018, teremos as primeiras matriarcas de abelhas ibéricas (com certificado), resultantes do programa “Smartbees”, estando este, numa fase inicial, pois a selecção genética a este nível leva anos a obter resultados.

É desta forma que seleccionamos as nossas abelhas, fazendo filhas do máximo de matriarcas possível, garantindo e mantendo desta forma a grande variabilidade genética que caracteriza esta raça de abelha, eliminando a possibilidade de consanguinidade.

Iremos trabalhar sempre de forma a garantir o máximo de variabilidade genética, pois a abelha ibérica portuguesa possui características próprias, que são distintas das outras subespécies de abelhas, sejam elas Europeias, do Norte de África, e até mesmo de algumas zonas de Espanha, pois esta variabilidade genética que é única, "representa um importante legado, que tem sido moldado pela natureza, e também pelos humanos, nos últimos milhares de anos, o qual merece e deve ser preservado, pois constitui um recurso fundamental à sustentabilidade da actividade apícola".

Este é o nosso método e forma de trabalhar, contudo, somos conscientes que os resultados levam o seu tempo, existindo um longo caminho a percorrer, e que a nossa abelha está longe de ser perfeita!

Devagar se vai ao longe… esperando que este esforço mostre os seus resultados na próxima década!

Além do processo que usamos na selecção e criação de rainhas, a título de solicitação, também criamos lotes de rainhas, a apicultores que queiram ter rainhas “filhas” das suas melhores colmeias.


Todos os nossos apiários localizam-se em plena natureza, em paisagens ímpares, na ausência de fontes de poluição e pesticidas, tornando os nossos produtos de grande qualidade e destaque.


João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

OS PREÇOS DAS ABELHAS RAINHAS

Este é um assunto de extrema importância, no qual nos temos debruçado diversas vezes, pois como a nossa exploração tem crescido de ano para ano, somos obrigados a fazer contas constantemente a fim de verificar os custos de produção, bem como os preços mínimos que podemos praticar, a fim de estimular o crescimento do mercado, bem como, continuar a conquistar o mesmo.

Este ano, tomamos a decisão de baixar os preços das rainhas virgens para 3,5 euros (valor que vamos manter em 2017), pois, como em todos os sectores, a lei da procura e oferta é que manda, e naturalmente, se há uns anos a oferta de rainhas virgens era baixa, os preços das mesmas eram mais elevados.

Neste momento, começa a haver uma grande oferta de rainhas virgens no mercado, e como seria de esperar, os preços teriam de baixar… ou seja, foi isso que aconteceu, pois é preferível vender as rainhas virgens um pouco acima do preço de custo, do que ficar com as mesmas na incubadora.


Curiosamente, esta baixa de preços, foi já catalogada por alguns colegas (criadores de rainhas), de “rainhas low cost”, uma distinção que consideramos um elogio, pois é sinal que atingimos a profissionalização e prestamos um melhor serviço aos clientes.

Quando produzimos 100kg de mel, é natural que queremos que nos paguem o máximo possível por ele e até vendemos ao frasco… contudo, quando produzimos 10 toneladas, tudo muda, e os valores baixam. Este exemplo aplica-se também à produção de rainhas.

Além disso, segundo as nossas contas dos custos de produção entre rainhas virgens e fecundadas, as primeiras custam 4 vezes menos a produzir.


E voltando ao exemplo do mel, não é por produzirmos 10 toneladas que a qualidade diminui, pelo contrário, aumenta, pois quem as produz é profissional e está dedicado a tempo inteiro, fazendo no caso das rainhas, toda a diferença, pois as nossas “criadeiras” são alimentadas diariamente, tendo um acompanhamento permanente e profissional, o que não acontece com quem cria rainhas a tempo parcial. E se no caso do mel, para produzir mais, necessitamos de mais colmeias em produção, no caso das rainhas, precisamos de mais “criadeiras”, “abelhas”, “colaboradores” e obviamente estar dedicados a tempo inteiro (sem folgas, sem feriados e trabalhando de Segunda a Domingo).

É isto que nos diferencia e que nos permite ter uma posição distinta no mercado, posição que certamente será aceite por qualquer outro colega que tenha atingido ou esteja prestes a atingir a profissionalização na criação de abelhas rainhas em Portugal.

Aproveitamos também, para anunciar que iremos baixar em 2017 o preço das rainhas fecundadas, contudo as mesmas não serão pintadas com a cor oficial correspondente a esse ano, e caso o cliente o pretenda irá pagar mais por esse serviço.

Esta decisão está assente na melhoria das condições de organização da nossa exploração, pois apenas possuímos um dia por semana para proceder à recolha de rainhas fecundadas, sendo esta operação de “pintar as rainhas” morosa e implica hipotecar um colaborador o dia inteiro com esta única função. As técnicas de recolha de rainhas que usamos quando não é necessário pintar as mesmas, quase que duplicamos a quantidade de rainhas recolhidas por dia.

É por este motivo, que optamos em baixar os preços das rainhas fecundadas para os clientes que não seja importante a sua marcação.

Achamos que justificamos desta forma, com a maior transparência e seriedade, os preços que praticamos e o caminho que continuamos a construir no sector da criação de rainhas em Portugal.

Saudações apícolas!

João Tomé

…um apicultor, pela apicultura…