quinta-feira, 20 de agosto de 2015

"Apicultura profissional Moderna/Vanguardista"

Temos trabalhado e estudado muito de forma a que a exploração apícola que estamos a construir fique alicerçada numa apicultura moderna e até mesmo vanguardista.
 
Foram muitas as visitas e contactos que já fizemos com alguns apicultores nacionais e estrangeiros, sejam eles de pequena ou grande dimensão, onde, além de tentarmos aprender algo de novo, tentamos também verificar a que nível se encontra a apicultura em Portugal, se comparada com países mais avançados.

- Califórnia, USA 2015 -
 
Esta vaga de novos apicultores e interessados nesta atividade que vão surgindo em Portugal, leva a que muitos procurem "referências", ou seja, apicultores que possam "copiar" o seu modelo de trabalho, ou adaptar à sua vida e condições de trabalho.
 
Este "passo" é algo que surge naturalmente, em todos os sectores.
 
Em Portugal, apesar de haver apicultores aos quais devemos respeito e admiração pelo seu trabalho, temos de começar a olhar um pouco mais "acima" no horizonte e fazer o que estes apicultores fizeram na sua altura... nada mais do que implementar novas técnicas e formas de trabalhar, otimizando ao máximo a exploração.
 
Com isto não quero dizer que a forma com que se trabalha convencionalmente é má, apenas que pode e deve ser melhorada, alimentando e promovendo a competitividade deste sector.
 
Quando falamos em apicultura profissional, a transumância surge sempre associada, pois é uma forma de aumentar o rendimento/colmeia. Custa-me ver apicultores profissionais que ainda carregam colmeias à mão... e vão continuar a carregar... Custa-me ver apicultores profissionais que até têm grua, mas carregam as colmeias à mão... Custa-me, acima de tudo ver apicultores profissionais que não fazem transumância.

- Transumância -
 
Um passo vanguardista, que felizmente está na moda em Portugal, é a criação artificial de abelhas rainhas. Qualquer apicultor profissional deveria criar as suas próprias abelhas rainhas, ou na impossibilidade das criar, começar a comprá-las a criadores. Custa-me visitar apicultores com mais de 2000 colmeias, que continuam a fazer desdobramentos às cegas... multiplicando colónias que geneticamente é um "crime" multiplicar.

- Raínhas Fecundadas -
 
Da mesma maneira que desdobrar colmeias "às cegas", foi um passo vanguardista antigamente, criar as suas próprias rainhas selecionadas, ou comprá-las a criadores, deve ser encarado da mesma forma, na definição de explorações com uma apicultura profissional moderna.
 
Trabalhar com abelhas rainhas selecionadas, trás mais benefícios do que aqueles que surgem na diversa literatura que existe sobre esta temática.
 
Fazer desdobramentos às cegas, além de desdobrarmos colmeias com má genética, sabemos que existe uma percentagem de insucesso nas fecundações das rainhas (por acaso em 2015 as fecundações têm sido excelentes). Sabemos também que existe uma altura em que estes desdobramentos ficam sob "stress", pois, o periodo que demoram a fazer raínha, que esta nasça, se fecunde, comece a pôr ovos, e mais importante de tudo, que comecem a nascer abelhas filhas desta nova raínha, já só possuem abelhas velhas, demorando as novas ainda a nascer e começar a produzir.

Até que comecem a nascer abelhas filhas das próprias raínhas, já passaram no mínimo, dos mínimos, 45 dias, contudo a média é bem superior, chegando este periodo a atingir ou superar os 60 dias até nasça a primeira abelha "filha". Em colónias minimamente povoadas, este "stress" não será tão acentuado, contudo em desdobramentos que ficam sempre mais enfraquecidos, esta técnica é bastante agressiva e contraproducente.

Prova disso são os desdobratamentos, que entretanto ficam zanganeiros, e a rainha virgem continua por lá a passear sem se fecundar... e... para nossa surpresa, alguns enxames que já tinhamos dado como zanganeiros e "possivelmente perdidos", começa entretanto uma bela raínha a pôr ovos.
 
Outra situação que acontece geralmente nos desdobramentos "às cegas" é o oportunismo de alguns vírus e doenças durante a faze débil e de stress que os enxames passam quando são feitos desta maneira. Existem desdobramentos que podem aparecer com "Loque americana" ou com ascosferiose (contudo, as colmeias de origem estavam sãs), desdobramentos que apesar de parecer que está tudo bem, nunca chegam a desenvolver e atingir a dimensão de "colmeia", acabando por morrer nesse mesmo ano ou ano seguinte, desdobramentos que de um momento para o outro perdem a raínha e ficam zanganeiros, desdobramentos que no ano seguinte, a taxa de substituição de raínhas é elevada, etc, etc, etc.

Tudo isto leva-nos a ser bastante criticos quanto a esta técnica, pois é uma técnica que deve pertencer ao "passado", e ser usada apenas em condições especificas. Nós próprios usamos esta técnica durante vários anos, pois é uma técnica barata e simples, contudo, após começarmos a usar rainhas fecundadas compradas ou criadas por nós, tudo mudou e só quem nunca usou rainhas fecundadas, não sabe a diferença de "vigor", "produtividade/rentabilidade" e "sanidade" dos enxames produzidos a partir desta via.

Após começarmos a criar raínhas e fazer lotes de desdobramentos, que constituem novos apiários com raínhas da mesma idade, e na maioria com raínhas irmãs, filhas das nossas melhores colmeias, foi uma surpresa para nós verificar a homogeneidade verificada entre as colmeias de cada apiário.

A substituição de rainhas velhas ou "inválidas", é também uma das vantagens no uso de rainhas fecundadas. Sempre que verificamos que existem colónias que se vão abaixo e começam a enfraquecer ou colónias que ficam zanganeiras, o uso de uma raínha fecundada para substituir a rainha fraca ou mesmo recuperar uma colmeia zanganeira (esta ultima, com técnicas especificas), permite que mantenhamos os mesmos efetivos em cada apiário e não fiquemos com os típicos buracos que vão surgindo ao longo do ano e nos obrigam a ser preenchidos com colónias de outros apiários... pois no nosso caso, como trabalhamos com apiários de 60 (limite máx. do reboque para transumância), fazemos por manter sempre as 60 colónias, pois poupamos tempo e recursos antes de dar inicio à transumância, uma vez que não nos podemos dar ao luxo de perder algumas noites para movimentar colónias a fim de preencher buracos.
 
- Raínha Velha -
Outra das vantagens da criação artificial de abelhas raínhas é o facto de podermos reproduzir filhas das nossas melhores colmeias. Resumindo, a importante seleção genética que tanto a nossa abelha ibérica precisa. A apicultura portuguesa, em particular, a raça de abelha com que trabalhamos (Apis melífera iberiensis), precisa e merece isso. Que melhorem a sua genética.
 
São vários os pontos que nos devemos focar para atingir uma apicultura profissional moderna:
 
- Estar preparado para transumar rapidamente e em grande escala; Usar a movimentação de colmeias com recurso a gruas.
- Transumar no momento certo; É algo que se atinge com a experiência, contudo devemos tomar notas e evitar confiar na memória. Por vezes transumamos cedo demais, provocando stress nas colmeias e um retrocesso na força e estímulo das colónias.
- Trabalhar com abelhas rainhas selecionadas (criadas por nós ou compradas);
- Focar-mo-nos na seleção genética;

- Uma colónia selecionada -
- Adotar formas simples e rápidas de realizar diversos trabalhos apícolas:
   - Limpar os quadros de forma rápida, por exemplo com recurso à soda cáustica.
   - Carregar caixas e organizar material com recurso a porta paletes e empilhadores.
   - Alimentar colmeias de forma rápida e barata;
   - Saber conservar as caixas por muitos anos, por exemplo com recurso à parafina;
   - Etc, Etc.
- Adotar métodos de trabalhos práticos e rápidos, quando trabalhamos no campo; por exemplo, se estamos num apiário e temos de mexer em todas as colmeias, podemos retirar primeiro os telhados a todas as colmeias, e preparar tudo para realizarmos as diversas tarefas em "série", rentabilizando o tempo.
- Criar uma checklist de algum material que precisamos para diversos fins, que é verificada antes de sairmos para o campo, evitando situações desagradáveis, ao não possuirmos material essencial;
- Criar os nossos próprios métodos de seguimento das colmeias dos apiários; No nosso caso usamos as canetas de marcar rainhas para escrever nos telhados das colmeias alguma informação importante sobre essa colónia. Ao usarmos a cor oficial da marcação das rainhas para esse ano, evitamos confusões de informação.


- Estabelecer um bom plano de controlo de varrôa ao longo do ano, sendo seguido "à risca"; Este é um dos pontos mais importantes, pois o que faz de nós apicultores profissionais é a dependência económica desta actividade. Ao perdermos ou enfraquecermos colónias, única e exclusivamente por irresponsabilidade no controlo da varrôa, resulta em prejuízos que por vezes são bastante avultados.
- Fazer núcleos de 5 quadros todos os anos, para consumo da exploração, para repor efetivos perdidos ou recuperar rapidamente colónias enfraquecidas; Em algumas situações, melhor que uma raínha fecundada, é sem dúvida um núcleo com raínha nova em postura. Por exemplo uma colmeia zanganeira em estado terminal, pois permite aproveitar os quadros em bom estado e manter o efetivo do apiário. O novo enxame ao possuir quadros de cera puxada, rapidamente preenche o ninho e fica pronto a produzir.

- Enxames novos -
- Possuir um plano de alimentação, seja de manutenção ou estimulação; Nos dias de hoje, são diversos os problemas existentes com as abelhas, sejam eles a varrôa, a Nosema, Loques, vírus, alterações climáticas, pesticidas, etc, etc. Tudo isto é mais que justificativo para tentarmos manter as nossas colónias bem nutridas, com o seu sistema imunológico em "alta". Preparar um plano de alimentação, seja energética e principalmente proteica/suplementar é importantíssimo.

- Alimentação estimulante e proteica -
Achamos que os pontos principais estão focados, contudo muitos outros aqui poderiam ser acrescentados, pois depende muito do tipo e objetivos da nossa exploração.
 
O importante a sabermos traçar um bom "rumo" à nossa exploração. Um "rumo" alicerçado em boas técnicas e práticas apícolas, com base na nossa experiência e referências nacionais e estrangeiras.

Cumprimentos,

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

sexta-feira, 27 de março de 2015

Limpeza do material de criação de raínhas...

Quem já cria raínhas à alguns anos, deve partilhar do mesmo problema... a limpeza e reutilização do material de criação de raínhas, especialmente, porta cúpulas, rolos protetores de alvéolos, caixas de introdução de raínhas e até mesmo "cúpulas".
 
Acabamos muitas vezes por usar material novo devido a algum estar demasiado sujo... e não termos tempo para limpar e reutilizar.
 
 
Este ano, após conversarmos com um colega que diz limpar os quadros das colmeias com soda caustica, "com água fria"... fez-se luz! Uma vez que o uso a quente está fora de questão, por estragar os plásticos, experimentamos deixar de um dia para o outro o material mergulhado em água fria com soda caustica.
 
No dia seguinte, colocamos o material num filtro duplo de inox (material entre um filtro e outro), dos usados para o mel e lavamos com água com a máquina de alta pressão... e "voilá"... o material ficou como novo!
 
 
Até mesmo as "cúpulas" ficam limpas o suficiente para serem reutilizadas e aceites, conforme já o comprovamos este ano!
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...
 
 

terça-feira, 24 de março de 2015

FORMAÇÃO 2015 "CRIAÇÃO DE ABELHAS RAÍNHAS EM MODO PROFISSIONAL" - VALE DO ROSMANINHO

Após as primeiras formações em 2014, foram muitas as solicitações para que voltassemos a ministrar novas edições. Voltamos desta forma a anúnciar 2 novas edições da nossa formação em "Criação de Abelhas Raínhas em Modo Profissional".
 
As formações de 2015 irão ter algumas novidades e "input's"... garantindo que todos saiam a saber criar raínhas com qualidade, em grande escala e de forma rentável.
 
A nossa recente visita a alguns dos maiores criadores de raínhas do Mundo na Cafifórnia, nos USA, de onde trouxemos "novos conhecimentos e técnicas", junto com a nossa experiência de 7 anos em criação de raínhas, serão uma fusão perfeita, para tornar esta formação de grande nível e qualidade.
 
Será uma formação que se adequa a quem se pretende iniciar na criação de raínhas, e sobretudo para quem já tem experiência e pretende melhorar a qualidade e rendimento do seu trabalho.
 
Além da formação, que decorrerá durante os dois dias de fim de semana, no sábado à noite, será feita uma tertúlia, onde após o jantar iremos fazer uma apresentação da nossa viagem à Califórnia, e iremos apresentar as técnicas de criação de raínhas usadas individualmente, em cada exploração que visitamos... especialmente a do maior criador de raínhas do Mundo (cria 270.000 rainhas/ano).
 
Serão dois dias, onde a partilha de conhecimentos é uma regra a cumprir por todos, em especial da nossa parte.
 
Esta formação, uma vez que é muito curta (apenas 2 dias), será organizada de forma especial, onde os formandos poderão ver "in loco" uma exploração profissional em pleno funcionamento, onde, o lema será "Aprender Fazendo".

Todos os formandos irão aprender a:

 

- Preparar e fazer "picking";



- Preparar e organizar Iniciadoras e finalizadoras;



- Manusear alvéolos reais e raínhas virgens;



- Fazer paquetes de abelhas, para povoamento dos núcleos de fecundação;



- Povoar núcleos de fecundação;



- Marcar raínhas fecundadas;










- Preparar caixas para expedição de raínhas para venda ou introdução;











EXTRA: Introdução à inseminação artificial de abelhas raínhas (caso haja disponibilidade de tempo);
 


(Todas as imagens publicadas são exclusivas da nossa exploração)

 

Conforme já foi referido, será uma formação exclusivamente prática.
 
Todos os formandos terão direito a um kit de criação de raínhas, que lhes possibilitará inicar a criação de raínhas na sua exploração.
 
VALOR: 350 euros
(C/ direito a Kit de criação de raínhas, refeições de Sábado e Domingo e alojamento da noite de Sábado)

LOCAL: Castelo Branco
 
DATAS: 1ª Formação: Dia 2 e 3 de Maio
2ª Formação: Dia 09 e 10 de Maio
(Inscrições limitadas a 10 formandos/formação)

Os formandos irão dormir num local esplêndido (limitado a 7 camas), a "Fonte Santa de S. Luís" (www.fontesantasluis.com), um turismo rural que está localizado no mesmo monte onde será ministrada a formação e onde se localiza parte do centro de criação de raínhas. No Sábado ao final do dia faremos um churrasco convivio seguido de tertúlia... pois o monte estará por nossa conta!

Enviar dados pessoais (nome, morada e contacto), nº de colmeias que possui e breve descrição da sua experiência na área da apicultura e criação de raínhas. (Esta informação será usada para conhecermos o perfil de cada formando e ajustarmos a formação ao nível de conhecimento de cada um).
(Informamos, que caso se confirmem as diversas pré-inscrições que já temos, serão poucas as vagas disponíveis).
Até breve!

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

domingo, 8 de março de 2015

Visita à "Capital Mundial" de criação de abelhas raínhas!

Como já vem sendo hábito, sempre que podemos fazemos algumas visitas ou viagens em busca de novas experiências e informação, de forma a enriquecer cada vez mais a nossa exploração apícola e a qualidade dos nossos produtos.

Desta vez foi à Califórnia, nos USA, onde vivemos durante duas semanas "a Portuguese Dream"!
 

Esta viagem teve como objetivos visitar e trabalhar com alguns dos maiores apicultores e criadores de raínhas do mundo, permitindo-nos "perceber e ver" como é possivel conseguir gerir tantas colmeias e criar tantas raínhas por ano...
 
Visitamos várias explorações de criação de raínhas, a norte de Sacramento, sendo esta região a "Capital" mundial de criação de raínhas, dada a grande concentração de criadores de raínhas profissionais. No conjunto das explorações que visitamos, produzem cerca de "1 MILHÃO" de raínhas por ano, sendo a produção nesta região, ainda superior a este número.


Além do interesse em visitar e aprender novas técnicas de criação de raínhas, tivemos também o interesse de perceber como os grandes apicultores estão a enfrentar o tão "badalado" Sindrome do Colapso das Colónias" (CCD), bem como têm combatido o "Hive beetle (Aethima thumida).
 
Quanto ao CCD, nenhum dos apicultores que visitamos se mostrou preocupado com estas questões, pois têm as suas colmeias bem nutridas e saudáveis. Um deles teve de matar 5 bidons de 200L de abelhas o ano passado, pois assim teve de ser, dado o excesso de abelhas que teve.

Têm uma equipa comum de técnicos que fazem análises regulares às colmeias para medir os niveis de varroa e esporos de nosema, de forma a poderem fazer os respetivos tratamentos atempadamente, pois não têm tempo para serem eles a fazer este importantíssimo trabalho. A FumagilinaB, continua a ser um produto essencial para manter as colmeias com niveis baixos de nosema, sendo usado com muita regularidade. Ficaram muito admirados e surpreendidos como é possivel que não seja permitido na união europeia, pois tem sido fundamental. O Amitraz, "homemade" o produto principal usado para controlar a varroa.
 
Para isso é necessário gastar milhares de euros em alimentação artificial e suplementos nutricionais de qualidade. Esta tem sido a chave para o sucesso destes apicultores que nada se mostraram preocupados com o futuro... apesar de partilharem a mesma opinião que cada vez é mais dificil manter as colmeias saudáveis e fortes.
 
Como em todo o lado... uns só usam "Xarope de alta frutose de amido de milho", outros Sacarose (de beterraba), outros misturam os dois... bem, não existe unanimidade nesta questão. Estamos a falar de apicultores que gastam milhares de dólares anualmente em alimentação.

Algo que partilhavam em comum é que a sacarose faz a raínha colocar muitos ovos e gastavam muito mais dinheiro em alimentação para conseguir dar peso às colmeias e "engordar" as abelhas, tendo-as mais fortes, daí uns usarem apenas xarope de alta frutose de amido de milho e outros um "Blend" dos dois. Sendo este ultimo o mais comum.

A alimentação proteica, também é algo de fundamental, onde as pastas proteicas são regra de ouro, algo que nunca pode faltar. Muitos compram já feita a alguns apicultores locais que se dedicaram a isso, pois têm receitas comprovadas, outros continuam a fazê-la, sendo a base dela a levedura de cerveja, misturada com diversos produtos que aumentam a palatabilidade, e resultados finais.
Parece que existem algumas leveduras de cerveja no mercado que não são indicadas para as abelhas, sendo mesmo rejeitadas pelas mesmas... e só por obrigação misturada com muito xarope de açucar as comem, enquanto a mais indicada é facilmente aceite pelas abelhas.


Isto leva-nos a questionar se estaremos a usar a levedura mais indicada em Portugal... pois a levedura de cerveja verdadeira são células pulverizadas do fungo "Sacacharomyces cerevisiae", com baixos níveis de cinza e níveis de sal inferiores a 12%. Esperemos que a fabrica que tem fornecido a maioria da levedura em Portugal nos esteja a vender o mais correto, pois as nossas experiências com levedura não são as melhores.

Algo que também nos surpreendeu, foi o facto de nos terem dito que o motivo para continuarem a insistir na abelha italiana, tem a ver com a sua alta prolificidade, e, fazendo uma boa gestão para manter o nivel de abelhas alto ao longo do ano, evita que as colmeias sejam "atacadas" pelas doenças e "sucumbam" fácilmente. As raças de abelhas que reduzem a sua população durante alguns periodos do ano, terão mais susceptibilidade a que não consigam recuperar a um surto de nosema ou varroa... algo que faz sentido e nos deixou a pensar.
 
Quanto à Aethima tumida, também ficamos surpreendidos, ao ficar a saber que este escaravelho não gosta de muito calor, nem de muito frio... morrendo facilmente sob estas condições. Em zonas com solos "duros", como é o caso de solos argilosos (ex. Barros de Beja), os escaravelhos não conseguem penetrar o solo e não se desenvolvem. Preferem zonas mais tropicais, com calor, humidade e solos leves. Pessoal do Litoral de Portugal... preparem-se!
 
A prova disso é que apesar de haver transumância de milhares de colmeias para a Califórnia, colmeias com origem de zonas com presença de Aethima thumida (Ex. Florida), este escaravelho nunca se conseguiu desenvolver neste "estado", bem como noutros nos USA. Já foi idenfificado e por vezes aparece um ou outro nas colmeias, mas por algum motivo não se dá bem. Esperemos que assim seja na Europa e principalmente em Portugal.

Os apicultores na maioria dos USA, estão fortemente dependentes do dinheiro que rebebem pela polinização. Os que melhor pagam são os produtores de amêndoas, chegando a pagar entre 100 a 180 dólares/colmeia por 3 semanas de polinização, estando a apicultura maioritariamente dependente destas receitas, pois dizem que lhes pagam as despesas anuais... ou seja todo o restante é puro lucro (paquetes de abelhas, rainhas, mel, etc.).

 
A maioria da viagem foi vocacionada para a  nossa grande paixão... a criação de abelhas raínhas de qualidade! Por vezes ainda pensamos se terá sido mesmo real aquilo que presenciamos, pois é inacreditável a dimensão das explorações que visitamos. Obviamente que são explorações com décadas de experiência e crescimento, contudo não deixa de ser meritório a coragem e organização que é necessária para atingir os números impressionantes de raínhas que criam anualmente.
 
A apicultura aqui praticada, dá muita importância à compra de raínhas e substituição anual das mesmas, seja por rainhas fecundadas, seja por alvéolos reais. Foi bastante interessante perceber a forma como gerem estas questões e os proveitos que retiram do investimento anual que fazem na compra de material vivo selecionado.

Das vezes que trabalhei no campo, os apicultores levavam sempre rainhas fecundadas com eles, pois caso encontrassem uma colmeia zanganeira, fraca ou com rainha de baixa qualidade, tinham sempre rainhas para recuperar as colónias e manter os efetivos. As rainhas são vistas como um "instrumento" de uso obrigatório.

A venda de alvéolos reais está em crescimento, pois cada vez mais existem apicultores a saber trabalhar com eles, sendo também uma forma de contornar o problema de falta de rainhas fecundadas no mercado, bem como uma forma de poupança. Temos o caso do "Miller", o apicultor que aparece no famoso filme "O Homem e as Abelhas", com o qual falamos e também tinha colmeias na zona que visitamos, que apenas trabalha com alvéolos reais. Compra 500 por dia a uma das explorações que visitamos.

Sabemos que as "bases" para a produção de alvéolos reais é invariavelmente "idêntica" em qualquer parte do mundo, assim, a biologia da abelha o dita, contudo, na maioria das explorações que visitamos são bastante diferentes daquilo que estamos habituados a ver na Europa, havendo técnicas mais simples, menos trabalhosas e com resultados idênticos, entre muitos pormenores de maneio que fazem a diferença.
 
Foi uma viagem, que mudou para sempre a forma com que olhamos para a apicultura, e nos irá fazer alterar a gestão e maneio das nossas colónias... bem como na forma que criamos rainhas, simplificando alguns métodos, aumentando taxas de aceitação e fecundação e o mais importante, conseguir iniciar a época de criação de rainhas um pouco mais cedo.

Connosco trouxemos conhecimento e amizades, que serão muito importantes para o futuro da nossa exploração. Aquilo que trazemos desta viagem vai permitir-nos atingir uma dimensão profissional pela qual temos trabalhado e lutado muito, pois é algo que leva tempo a construir e alcançar.
 
Da nossa parte tudo temos feito para que os nossos produtos tenham uma qualidade superior, de forma a manter a confiança que os nossos clientes depositam no nosso trabalho e material vivo produzido. Foi por nós, mas sobretudo por todos aqueles que têm depositado confiança no nosso trabalho e têm trabalhado diretamente connosco que fizemos mais uma viagem apícola enriquecedora.

Algumas fotos:








































 

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...