sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Criação de raínhas - 2014

É com algum entusiasmo que iniciamos sempre um novo ano. Faltam poucos dias para o inicio de 2014 e de momento já andamos a "mil" na preparação da nova época que se avizinha.
 
Todos os anos os mesmos principios repetem-se, "aprender com os erros da época anterior e melhorar aquilo em que tivemos sucesso".
 
Este ano não é excepção, muito pelo contrário, pois estamos a atingir um patamar novo, a profissionalização da apicultura na nossa exploração, principalmente no que toca à criação de abelhas rainhas, onde nos pretendemos especializar e ser uma referência.
 
Muito temos para aprender e desenvolver nesta área, pois como costumamos dizer, criar abelhas rainhas não tem muito que saber, mas criar abelhas rainhas com qualidade... aí sim existem pormenores e saberes que fazem a diferença.
 
A época passada, apostamos com bastante sucesso nos alvéolos reais, onde as rainhas fecundadas foram uma minoria, contudo este ano além dos alvéolos reais iremos apostar fortemente nas rainhas fecundadas. 
 
Temos de momento 370 mini núcleos de fecundação preparados para povoar em inícios de Março, esperando começar a entregar as primeiras raínhas no inicio de Abril. Infelizmente nem tudo corre como prevemos, esperando que a meteorologia ajude, pois temos como exemplo a época passada que atrasou tudo graças ao tempo frio e chuvoso.
 
- Novo modelo de mini núcleo de fecundação -
 Apesar dos objectivos que nos propusemos alcançar serem bastante ambiciosos (3000 mil raínhas das quais 1200 fecundadas), sabemos que não irá ser fácil, pois na apicultura 2+2 nunca são 4, mas uma coisa é certa, com humildade, iremos aprender e evoluir um pouco mais.
 
 
 
Este ano além de ligeiras alterações ao nosso modelo de mini núcleo de fecundação, as criadeiras iniciadoras orfanizadas irão ter um papel fundamental no inicio e final de época, aumentando bastante a aceitação das cúpulas nas alturas mais difíceis.
 
 
A inseminação artificial, que nos tem permitido cruzar as nossas melhores colónias umas com as outras, também terá um papel fundamental na ajuda da seleção e melhoria genética do nosso material vivo, tendo sido um dos maiores desafios que temos tido pela frente... Melhorar a nossa abelha ibérica!
 
 
Esperamos desta maneira que a próxima época seja de sucesso para todos os colegas apicultores, esperando também que continue a haver partilha de conhecimento nesta área entre todos, pois só assim podemos evoluir e aprender mais depressa.

 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

APIMONDIA 2013 - Ucrânia

A nossa primeira Apimondia! Nunca tinhamos tido a oportunidade de ir ao maior evento apícola do Mundo, a Apimondia, contudo este ano conseguimos ir à Ucrânia...
 
A Apimondia, sendo uma federação internacional de associações, organizações apícolas, etc, organizando de dois em dois anos congressos e paralelamente uma feira internacional, com representações mundiais, vimos que seria uma excelente oportunidade de estabelecer contactos, ver novidades, e como está o sector ao nível mundial, retirando também ideias.
 
 
À chegada, uma enorme fila para fazer o registo... curiosamente ao nosso lado encontramos logo um colega português, que nos abordou ao ouvir-nos falar a nossa lingua materna.

 


A tinta acabou logo no primeiro dia de inscrições e já não tivemos direito a cartão de entrada a "cores"!


 
Como é hábito, foram várias as palestras e posters apresentados sobre os mais variados temas, contudo perdemos muitas devido à desorganização e sobretudo ao facto de trocarem a ordem das apresentações... e quando iamos ouvir alguma de interesse já tinha sido ou o orador tinha faltado e não sabiam se ainda iria ser apresentada...






Não sei como costuma ser nas outras apimondias, contudo estavam presentes "stands" das empresas mais conhecidas no sector e muitas outras que desconheciamos, principalmente de material apícola de inox, com preços bastante atractivos, se comparados com a tipicas marcas que já estamos acostumados.
 
Posso dizer que pareciamos umas crianças no meio de uma "loja de brinquedos", pois eram vários os expositores que tinham algo de interesse, novidades e ideias que desconheciamos.

Máquina de fazer creme de mel

Um produto apresentado no stand da Coreia do Sul
 
Apesar de haver stands de diversos países, os chineses foram sem dúvida os que mais se fizeram representar! Havia stands chineses em qualquer canto do recinto!

 
 
Uma máquina de moldar cera muito interessante... menos o preço...
Podemos dizer que quem quer investir no sector deveria ir a uma Apimondia nem que seja só por uma vez, pois são muitos os contactos que vão surgindo, especialmente, contactos informais que podem ser importantissimos, tanto ao nível de exportação e importação de produtos, bem como ficarmos com uma visão um pouco mais aberta do sector.
 
Sem querer, apenas por conversas informais, vamos enviar o ano que vem algumas das nossas raínhas para as "Arábias", pois ficaram muito interessados em algumas das caracteristicas das nossas abelhas ibéricas, que tem a ver com a quebra de postura que é feita durante o Verão... ou seja, na ausência de fluxos de nectar e também pelo facto do nosso clima no Verão ser extremamente quente, com temperaturas muito semelhantes, estando a nossa abelha adaptada a essas temperaturas!
 
Daqui por dois anos a Apimondia será na Coreia do Sul, e daqui a 4 será na Turquia...
 
Seria importantissimo, organizar o nosso sector em Portugal e ver o nosso país um dia representado neste evento... divulgando os nossos produtos, e quem sabe candidatarmo-nos um ano a ter a Apimondia em terras lusas!
 
Para isso é preciso organizarmo-nos, produzir mais e melhor, pois não acredito que muitos dos países representados tenham mais potencial apícola que Portugal... somos um país com uma cultura dificil de entender... pois não existe justificação para nos dias de hoje não estarmos representados lá!
 
Saúdações apícolas!
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...
 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

"Estudo sobre o encabeçamento e distância entre apiários"

Já há algum tempo que ando para escrever este artigo. Os estudos que vou aqui publicar foram apresentados este ano na Avis Mellifera 2013, tendo sido uma surpresa para todos, os seus resultados.
 
Considero que podemos discutir a análise que apresento, contudo, independentemente das alterações, qualquer dos resultados dão ou dariam muito que pensar (pelo menos aos apicultores que tenham interesse numa apicultura sustentável e rentável e não numa apicultura romântica).
Este tema das distâncias entre apiários e encabeçamento das pastagens, é um tema que há décadas se discute em Portugal (veja-se os artigos do Jornal "As Abelhas" de 1985, do Eng. Vasco Correia Paixão).
 
Fui obrigado a fazer estes estudos, pois para minha surpresa, de toda a pesquisa nacional e internacional que fiz, (tendo contactado a Universidade de Salamanca, Madrid e Badajoz, bem como FNAP, outros colegas técnicos e apicultores de referência nacional), não encontrei nenhum estudo que nos possa indicar qual o encabeçamento correcto (nº de colmeias/hectare), para os mais variados tipos de flora autóctone.
 
Apenas existe referência ao número de colmeias/hectare no caso da polinização de culturas agrícolas, e mesmo estas referências não nos servem para nada, pois refere-se ao número de colmeias/hectare para que haja uma boa polinização e não para que haja uma boa produção, por exemplo de mel.
 
Da pesquisa internacional que fiz, apenas encontrei dados sobre distâncias.
 
No México a distância entre apiários é de 3 km, sendo a sua justificação que encontrei neste documento muito simples; ...uma vez que o raio de acção das abelhas é de 2 a 3 km, essas são as distâncias que têm de ser respeitadas...
Em Queensland, na Austrália é de 1600 metros para 100 colmeias;
No condado de Pierce County, EUA, quando o número de colmeias é superior a 20, é de 3,22km (2 milhas);
Na maioria dos estados Australianos, a distância entre apiários comerciais é de 1,5 a 2 km, contudo, no sudoeste Australiano é de 3km. A produção média por colmeia é de 60kg, podendo ir aos 120kg em anos bons.
 
Nós em Portugal, que temos uma produção média de 15kg/colmeia, damo-nos ao luxo de permitir 100 colmeias de 800 em 800 metros, "a bota, não bate com a perdigota".
 

ESTUDO 1

Trata-se da pressão que é exercida por outras colmeias (de apiários vizinhos) sobre o raio de acção principal das colmeias do nosso apiário.
De forma a facilitar o estudo, assumimos que será num raio de 2000 metros que as abelhas do nosso apiário (apiário teste), terão maior actividade, e será daí que retirarão a maioria dos seus recursos (caso seja uma zona com bom potencial apícola).


A verde temos o nosso apiário, a castanho o raio de 2000 metros (zona de estudo). A zona de estudo tem 1256,5 hectares.
 
Assumindo que a legislação (exceptuando o Alentejo) permite 100 colmeias numa malha de 800 em 800 metros, fomos verificar quantos raios de 2000 metros (dos apiários em redor do nosso), intersectam a zona de estudo do nosso apiário.

Preparados para ver o resultado?

 

Os resultados são deveras impressionantes!
 
A legislação nacional permite que 18 apiários (1800 colmeias), sejam instalados dentro do raio de 2000 metros do nosso apiário.
Pior que tudo, além dos 18 apiários, o raio de 2000 metros do nosso apiário é intersectado pelo raio de 66 apiários (6600 colmeias).
É o mesmo que termos 100 ovelhas numa pastagem para engordarem e nos darem lucro, contudo, permite-se que a mesma pastagem seja pastoreada por 6600 ovelhas. É no mínimo incrível... Fome não passam, mas muito gordas não ficam de certeza.
 
Agora entendo, quando o meu pai me diz que já não se vêem "torres" nos apiários como se viam antigamente (as milhares de colmeias espanholas que temos em redor das nossas, causando uma enorme pressão, nunca vão permitir isso).
 
Isto obriga a que as nossas abelhas tenham que se deslocar muito além destes 2000 metros, baixando assim a produtividade.
 
Depois deste resultado "estonteante", fomos verificar para as distâncias de 1500 metros (do alentejo), quais seriam os resultados... e novamente, ficamos impressionados, felizmente pela positiva!

 

Para as distâncias de 1500 metros, a legislação para a região do Alentejo, apenas permite que 6 apiários (450 colmeias), sejam instalados dentro do raio de 2000 metros do nosso apiário.
O raio de 2000 metros do nosso apiário é intersectado pelo raio de 24 apiários (1800 colmeias, pois apenas são permitidas 75 como máximo/apiário).
 
Serão estas densidades sustentáveis para quem quer praticar uma apicultura profissional?
 
Até quando vamos continuar a enganar-nos a nós próprios?
 
A profissionalização da apicultura portuguesa está a ser uma realidade. Não podemos permitir erros deste género.
 
Após ter concluído este estudo, foi muito gratificante ver que o mesmo foi de encontro aos artigos do Jornal "As Abelhas" de 1985 do Eng. Vasco Correia Paixão. Seguem alguns excertos:
 

ARTIGO 1


 

 

ARTIGO 2




 
Como vimos, este problema já não é de agora. Estes artigos têm 28 anos... é uma vergonha...
 

ESTUDO 2

Este segundo estudo é sobre as produções/colmeia que a nossa lei, supostamente acredita para distâncias máximas de 800 metros.
Uma vez que não encontramos nenhum estudo sobre a produção média das colmeias nas diferentes floras melíferas, fizemos as contas ao contrário e fomos verificar as produções assumidas na lei e no PAN.
 
- O raio de 2000 metros (1256,5 hectares), permite a colocação de 1900 colmeias;
- O PAN, refere produções médias de 22 kg/colmeia;

Cálculos:

Produção = 1900 colmeias x 22 kg = 41.800 kg
 
Produção/ha = 41.800kg / 1256,5ha = 33,27 kg/hectare
 
Caso não exista pressão, e esta área seja apenas das nossas 100 colmeias, quer dizer que cada uma delas tem potencial para produção de 418kg/colmeia!
 
Um hectare são 100 metros x 100 metros, 33,27 kg de néctar, mesmo repartidos ao longo dos dias, queria dizer que ao caminharmos 100 metros no rosmaninho, saíamos de lá com as calças meladas de néctar. Parecem absurdos os resultados deste segundo estudo, sei que "valem o que valem", contudo, parece-me que devemos repensar este assunto e tomar decisões urgentemente.
 
No caso de fazermos as contas para a legislação vigente na região do Alentejo, voltamos a ter resultados muito mais aceitáveis.
 
- O raio de 2000 metros (1256,5 hectares), permite a colocação de 450 colmeias;
 

Cálculos:

 
Produção = 450 colmeias x 22 kg = 9.900 kg
Produção/ha = 9.900kg / 1256,5ha = 7,88 kg/hectare
 
7,88 kg/hectare, parecem resultados bem mais reais, contudo, talvez ainda um pouco longe dos verdadeiros.
 
Julgo que seria urgente, aumentar as distâncias entre apiários para 1500 metros, com um máximo de 75 colmeias/apiário, tal como já acontece no Alentejo.
 
Deveria ser criada uma tabela com uma escala, com um aumento de distância/por colmeia a partir das 25 colmeias.
 
Exemplo:
 
- 11 a 25 colmeias - 500 metros (apicultura por hobbie, que normalmente possuiu baixas densidades);
- Por cada 5 colmeias acima de 25, acrescentava-se X metros à distância. Neste caso seriam 100 metros, atingindo os 1500 quando houvessem 75 colmeias no apiário.
 
Penso que um sistema deste género seria muito mais justo e ajustado a uma boa prática apícola.
 
Espero que estes estudos venham a servir para alguma coisa, nem que seja para nos fazer reflectir sobre a legislação que temos em vigor, discutindo possiveis alterações.
 
Cada vez mais me mentalizo que as decisões que tem havido neste sector, têm sido feitas por colegas apicultores que praticam a apicultura por hobbie, na base do romantismo. Respeito muito essa forma de vida, que, aliás, já a pratiquei, mas nos tempos que correm temos de olhar "lá longe no horizonte" e verificar que a profissionalização da apicultura nacional está a ser uma realidade, devendo todas as decisões ter por base essa mesma optica, ouvindo atentamente as dificuldades e opiniões de quem já é "um verdadeiro profissional".
É urgente criar um projecto sério que estude as diferentes florações regionais, de forma a podermos solucionar este problema, pois é inaceitável continuarmos a trabalhar no "escuro".
 
Só peço a todos os colegas que tiveram paciência para ler este extenso artigo, que reflictam e pensem sobre este assunto. Quanto aos decisores políticos e dirigentes do sector, caso tenham tido "pachorra" para ler estas palavras, por favor, não fiquem "impávidos e serenos", façam alguma coisa.
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A transumânica...

É época de transumância! Apesar da maioria dos apicultores estarem a fechar o ciclo e começarem a preparar as crestas ou inclusivé já crestaram, avisinhando-se umas merecidas férias ou uma época mais calma, quem tem oportunidade de mudar as suas colmeias para uma nova florada, esta é a altura correcta, como por exemplo para o castanheiro seguido do carvalho.


Nós já iniciamos a transumância, tendo este ano uma novidade à nossa disposição, que diga-se de passagem tem sido o nosso braço direito... um reboque com grua.

 
O reboque e grua que desenhamos permite-nos transportar sem qualquer dificuldade 60 colmeias, contudo com capacidade para 80.
 
A opção de um reboque, em vez de uma camioneta, prende-se com o facto de podermos explorar locais inacessiveis aos restantes veículos. A forma compacta do reboque permite passar em locais apertados e colocar colmeias em sitios impensáveis.


Nos últimos 4 dias transportamos 240 colmeias, e para a semana à mais.... Atendendo à dimensão do nosso veículo, consideramos que é muito bom.


Esta grua é uma exclusividade nossa, contudo, baseada noutras gruas apícolas já existentes no mercado internacional, com algumas alterações significativas. Apesar de requerer na maioria dos casos dois operadores, caso o apiário seja ligeiramente plano, um único operador não tem qualquer problema em carregar ou descarregar 60 colmeias sózinho... a piece of cake! Esta autonomia deve-se ao facto da pinça possuir todos os comandos necessários à movimentação da grua, num sistema sem fios, onde os dedos polegares fazem todo o trabalho...

 

As últimas 60 colmeias que descarregamos demoramos 30 min, certinhos! A carregar temos demorado um pouco mais de tempo, pois tem sido durante a noite.


Por cada paragem que fazemos com o jipe descarregamos 10 colmeias para cada lado. Com apenas duas movimentações do veículo temos 60 colmeias descarregadas.


As bases compactas que desenhamos permite-nos carregar ou descarregar duas colmeias ao mesmo tempo, estando adaptadas aos capta polén de fundo ou a qualquer outro tipo de colmeia. Além disso, quando estão carregadas, permite a circulação de ar na base das colmeias, evitando possiveis mortes por asfixia.
 
Como medida anti-roubo, os estrados podem ser aparafusados à base, criando uma dificuldade extra, pois os parafusos estão localizados numa zona de dificil acesso.
 
Esta grua, além das colmeias em bases de transumância, a pinça é polivalente e permite encaixar um suporte porta paletes. Além disso permite-nos carregar bidons quando temos o segundo braço recolhido.
 
Quem anda nestas lides, sabe o que custa carregar à mão esta quantidade de colmeias, o espirito de sacrificio e esforço necessário. Podemos dizer que nos últimos dias o único cansaço que temos sentido é da viagem e das 4 ou 5 horas de sono... de resto impecável...
 
Nesta actividade, como em qualquer outra a saúde está em primeiro lugar. As graves lesões causadas pelo transporte manual de colmeias são uma realidade...
 

Conforme já referimos esta grua é uma exclusividade nossa, que já mereceu a apreciação positiva de alguns apicultores de referência, pois irá ser um produto que pode ser feito à medida das necessidades do cliente, não havendo limitações...

 
Depois de umas ligeiras melhorias que temos de fazer, e papeladas a tratar, em breve lançaremos esta grua no mercado, a um preço muito competitivo. Um preço bem abaixo das suas concorrentes.
 
Até lá, vamos testá-la a fundo e melhorá-la ao máximo!
 
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

- VALE DO ROSMANINHO NA RTP -

Neste mês de Maio, foi com alguma surpresa que recebemos o contacto da RTP, para fazer uma reportagem sobre o nosso trabalho.
Apesar de ter sido de um dia para o outro, lá conseguimos arranjar um tempinho para recebê-los!
 

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

terça-feira, 28 de maio de 2013

...breves considerações da época e criação de raínhas 2013...

Tem sido um ano esgotante, pois os objectivos que nos dispusemos em alcançar, apesar de serem possíveis, requeriam muita dedicação, empenho e acima de tudo espírito de sacrifício...
 

Além de uma "hérnia discal", conseguimos triplicar o nosso efectivo de colmeias e uma produção de cerca de 1000 raínhas, onde facilmente iremos atingir as 1500 até ao Outono.
 
 
Foi uma época que começou com grandes fluxos de néctar, logo após dias sucessivos de chuva e frio, provocando o caos nas colmeias, pois rapidamente começaram a bloquear os ninhos, levando à enxameação e substituição de raínhas... mesmo em raínhas novas...
 
Na criação de raínhas, o facto de termos várias criadeiras  a "transbordar" de abelhas, provocou algumas dificuldades de maneio, pois foram as primeiras a querer enxamear... mas felizmente nada que não se ultrapasse e não seja normal de acontecer...
 
 
Foi uma época que aprendemos mais um pouco e subimos mais um "patamar" na experiência e confidência na criação de raínhas "em modo profissional", onde pequenos pormenores fazem a diferença entre "produzir raínhas" e produzir "raínhas de qualidade"!

- Alvéolos reais de grande qualidade -
 
- Pormenor das cúpulas cheias de geleia real, sinal que a raínha foi devidamente alimentada e tratada -
 
Atendendo ao material que dispomos, podemos considerar que o número de raínhas produzidas até ao momento é baixo, contudo, de que nos serve "abarrotar" de cúpulas as criadeiras para produzir o máximo de raínhas quando sabemos que irão ficar mal alimentadas, não recebendo os cuidados devidos pelas suas abelhas amas...?
 
Também aprendemos a evitar fazer picking em dias de calor e onde os dias seguintes terão a mesma previsão, principalmente humidade relativa muito baixa, pois além de provocar baixa aceitação nota-se que os alvéolos não recebem a mesma atenção. Preferimos esperar por dias de entrada de humidade... a diferença é do dia para noite...
 
O descanso nas criadeiras é outro factor importantíssimo, pois a produção de geleia real esgota muito as abelhas, notando-se altos e baixos em algumas das criadeiras no que toca à aceitação e produção de "bons alvéolos reais". Foi um pormenor que nos despertou à atenção, pois sempre que usamos uma colmeia pela primeira vez para criar raínhas, a aceitação é sempre muito boa e os alvéolos ficam maravilhosos... faz a diferença dar descanso de uma semana às criadeiras.
 
As incubadoras são um instrumento muito bom, pois permite-nos desimpedir as criadeiras e melhor que tudo, planear adequadamente a entrega dos alvéolos e das raínhas aos clientes, sendo um facilitismo importante, pois evita a deslocação aos apiários apenas para entregar "material vivo".
 

 
Por fim, a aposta em trabalhar apenas com alvéolos reais e raínhas virgens foi um sucesso, não só para nós como para os nossos clientes que nos consumiram as raínhas quase todas... andando sempre à rasca para satisfazer as necessidades da nossa exploração.
 
 

- Alvéolo já roído e raínha virgem quase a ser libertada -
Para conseguirmos produzir esta quantidade de raínhas fecundadas, fazendo as contas à mão de obra, custos, falhas, despovoamentos, consumo de abelhas para povoar, alimento, etc, etc, etc, nunca se tornaria rentável... a não ser que nos especializássemos de uma vez por todas, e não fizéssemos mais nada.
 
Vamos continuar a trabalhar com alvéolos reais e raínhas virgens, pois os desdobramentos quando são "bem feitos", a taxa de insucesso é muito baixa... bem abaixo dos núcleos de fecundação. Economicamente, nem vale a pena comentar...
 

- Criação compacta, um requesito na selecção -
De momento suspendemos a criação de raínhas, pois é tempo de repor forças para a transumância, preparar as colmeias, fazer os últimos desdobramentos, inseminar raínhas com as recentes colónias que foram selecionadas e rezar para que seja um bom ano no castanheiro e carvalho.
 
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...