quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Desdobramentos - A "multiplicação" de colmeias...

Com tantos projectos de apicultura em curso em Portugal, a falta de enxames no mercado é uma realidade. Uma realidade positiva para uns, principalmente para quem vende, contudo uma realidade pior para quem compra, pois a falta de enxames tem levado ao aumento exponencial dos preços.
 
 
Para quem já tem algumas colmeias, pode e deve multiplicar as mesmas, pois além de poupar dinheiro, mesmo que morra alguma o prejuízo não é tão grande, ou pelo menos não se sente tanto.
 
São várias as técnicas de multiplicação de enxames, cada uma com os seus pormenores, devendo cada um seleccionar a que mais se adequa ou se sente à vontade..
 
 
Não queria falar própriamente nas várias opções, mas sim nos pormenores que podem fazer a diferença.
 
A prática mais comum de multiplicação de colmeias, passa por fazer desdobramentos às "cegas", onde após se ter dividido uma colmeia, se tem o cuidado de deixar pelo menos um quadro com criação e ovos do dia para que elas ao sentirem que estão orfãs, façam por elas próprias os chamados alvéolos de emergência. É discutível a qualidade das raínhas que surgem deste tipo de desdobramentos, pois já vi de tudo... boas e más raínhas...
Além da desvantagem de haver uma probabilidade significativa de as raínhas serem de inferior qualidade, até termos uma raínha nova em postura, leva pelo menos um mês, e por vezes um pouco mais, dependendo das condições meteorológicas... havendo sempre algumas falhas...
 
Para quem quer produzir enxames rapidamente e com o mínimo de qualidade, terá de optar por introduzir raínhas fecundadas, ou então, alvéolos reais, sendo para mim a última opção a melhor.
Introduzir raínhas fecundadas é o ideal, pois ao fim de 2 a 5 dias estão em postura, contudo é um investimento considerável.
 
A minha experiência pessoal na criação de raínhas e multiplicação de colmeias tem-me levado cada vez mais ao uso dos alvéolos reais, sendo para mim a opção mais adequada para quem quer multiplicar muitas colmeias, com raínhas de qualidade a um custo mínimo.
Obviamente, que comparativamente ás raínhas fecundadas que estão a pôr ovos nos dias seguintes, com os alvéolos reais com 13 a 14 dias, temos de aguardar em média 12 dias após introdução, para termos uma rainha em postura. Julgo que o preço a que são comercializados os alvéolos, compensa bastante...
 
 
Quem ainda não se sente "confidente" na apicultura, pode levar a que tenha receio de usar alvéolos reais, receio esse que é fácilmente superado depois da primeira experiência.
Outro dos problemas que leva as pessoas a não usarem alvéolos reais é o seu transporte, ao acharem dificil manter as condições devidas de temperatura e humidade. Este problema também pode ser fácilmente superado com a compra de uma pequena incubadora de ovos ligada ao isqueiro do carro ou uma geleira com um saco de água quente.
 
 
Para quem tenciona fazer muitos desdobramentos, a diferença do valor que teriam de pagar pelas raínhas fecundadas, rápidamente paga uma pequena incubadora, sendo um instrumento muito útil na apicultura moderna.

Por norma, a não ser que tenha poucos alvéolos, coloco sempre dois por desdobramento, contudo, é raro o que não nasce, normalmente estão sempre os dois roídos, sinal que nasceram as duas raínhas...

No final, obviamente que também pode haver uma falha ou outra, a meu ver com origem durante a fecundação da raínha... mas isso deve ser encarado com naturalidade, pois na apicultura 2 + 2 raramente são 4.

Não falei das raínhas virgens, pois apesar de também ter bons resultados... a taxa de insucesso é por vezes grande, especialmente quando os desdobramentos ficam muito fortes e principalmente com origem na mesma colmeia.

A aposta na produção própria ou compra de alvéolos reais é para mim fundamental...

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Apicultura portuguesa, será a lei que regula as densidades de colmeias a mais correta?

Fico satisfeito por ver tantos jovens dinâmicos a interessar-se por este fascinante mundo que é a apicultura, cheios de vontade e garra de se iniciar nesta atividade.

Avizinha-se uma apicultura portuguesa, moderna, competitiva e dinâmica, valorizando e criando mais poder neste setor. Além dos benefícios para o setor, temos os benefícios sociais, pois estamos a falar da criação de diversos postos de trabalho.

Contudo, existem vários problemas que podem comprometer a sustentabilidade deste setor. Vamos falar apenas num deles, as densidades das colmeias que é permitida a nível nacional, excetuando o Alentejo.
Desde a chegada dos apicultores espanhóis ao território português, que a apicultura portuguesa não voltou a ser a mesma, infelizmente pela negativa. A partir da década de 80, foram muitas as colónias dos apicultores portugueses que morreram, pois a chegada das colmeias espanholas coincidiu com a chegada da varroa e outras doenças ao território nacional.

Desde então o número de colmeias espanholas não tem parado de aumentar no território português, chegando aos milhares todos os anos. A abordagem destes “colegas” espanhóis tem sido muito agressiva, pois, desde a colocação dos apiários em terrenos dos quais não têm autorização (nem o dono conhecem), ao desrespeito contínuo das distâncias entre apiários, tem levado a que em algumas regiões tenham sido completamente invadidas, impedindo neste momento que jovens apicultores portugueses se instalem, tenham boas produções e colónias saudáveis.
Muitas das autorizações concedidas aos apicultores espanhois, tratam-se de autorizações ilegais, pois na maioria das vezes são rendeiros de pastagens ou agricultores, que não têm contrato de exploração apícola dos terrenos autorizados.

No distrito de Castelo Branco, apenas nos concelhos de Idanha-a-Nova, Castelo Branco e Vila Velha de Ródão, existem 40.000 colmeias espanholas, aumentando o número todos os anos.
Conforme já foi referido, além da ocupação de zonas onde já existem apicultores portugueses, ou zonas com potencial para os jovens agricultores se instalarem, a perca de rendimentos nas produções anuais é uma realidade. Outro dos problemas é a constante introdução de doenças nas zonas controladas (zonas delimitadas a nível nacional, onde existem regras de forma a minimizar e controlar as doenças das abelhas), pois mesmo que os portugueses se esforcem e façam um trabalho exemplar, todos os anos se veem confrontados novamente com as doenças, pois o facto dos espanhóis efetuarem transumância de milhares de colmeias, mesmo que haja um controlo veterinário, é impossível controlar tantas colmeias. Depois mesmo que se verifiquem as doenças em Portugal nas suas colmeias, podem sempre alegar que terão sido infetadas no território português.

A culpa talvez nem seja toda deles, pois se formos a ver, o abandono das “terras” que se verifica a nível nacional juntamente com a falta de importância que é dada ao setor apícola, tem permitido que o nosso país seja visto como uma “república das bananas”, permitindo explorar os recursos naturais portugueses, livre de quaisquer impostos, pois os produtos das colmeias explorados (principalmente pólen) são faturados na vizinha Espanha, não havendo qualquer controlo, nem registos.

Se considerarmos uma média de 3 kg de pólen por colmeias (um valor baixo, para colónias que produzem apenas polén), estas 40.000 colmeias destes 3 concelhos do distrito de Castelo Branco, poderão produzir entre 100 a 120 mil kg de pólen/ano. Uma vez que os preços do pólen variam entre 5 a 8 euros o kg (vendido a granel) podemos estar a falar numa faturação que pode chegar a 1 milhão de euros. É pena que possivelmente sejam faturados em Espanha, apesar da sua proveniência ser portuguesa…
E não se esqueçam, estamos a falar apenas de 3 concelhos a nível nacional…

E como quem não vê não sente, as entidades competentes nada fazem a este respeito, pois não se sabe os milhares ou milhões de euros que todos os anos são faturados a partir de recursos naturais nacionais.

Outro problema que se tem verificado que também é gravíssimo são os abelharucos (Merops apiaster). Esta espécie tem como base da sua alimentação as abelhas. Acontece que sendo uma espécie selvagem, o sucesso da sua reprodução está relacionada com a abundância de alimento. Os milhares de apiários espanhois que se verificam nesta zona permite a esta espécie reproduzir-se abundantemente.

Estas aves geralmente poem 2 a 6 ovos. Uma vez que têm alimento em abundância a taxa de sucesso e sobrevivência das crias é elevada, criando populações elevadas.
Até aqui tudo bem, é a lei da vida e da sobrevivência, contudo, os apiários espanhois são retirados durante o mês de Junho, fazendo com que essa população de abelharucos, que até à data estava dispersa por centenas de apiários, “ataque” catastroficamente vários apiários portugueses, causando prejuízos incalculáveis.

Depois deste desabafo vamos ao tema do artigo.
A legislação portuguesa permite a colocação até um máximo de 100 colmeias por apiário, tendo de ficar distanciados 800 metros uns dos outros, caso um dos apiários tenha mais que 30 colmeias.

As abelhas em média exploram a flora circundante num raio de 2 a 3 km, podendo chegar aos 10 km em épocas de carência. Contudo segundo alguns estudos será num raio de 2km que se verifica maior atividade.
Ao permitirmos a colocação de 100 colmeias por cada 800 metros, quer dizer que se permite a colocação de 1800 colmeias no raio de exploração (2km) do apiário central. Todas estas colmeias também irão explorar os recursos desta zona.


As colmeias mais fortes, no auge da primavera chegam a ter 60 000 abelhas, isto quer dizer que podemos ter 114 milhões de abelhas num raio de 2km.
Esta é apenas uma análise simplista e grossista, contudo, é mais que suficiente para entendermos que podemos ter um problema de sustentabilidade.
Nem sequer vamos estar a falar da quebra de produção, caso se verifiquem todos estas colmeias. A qualidade da comida é essencial para as abelhas, desenvolvimento das larvas e para resistirem, por exemplo ao Inverno e algumas doenças.
Com uma grande densidade de colmeias/ha é muito difícil para as abelhas obterem alimento de qualidade, principalmente pólen de qualidade que contenha elevados teores proteicos e aminoácidos essenciais. Consequentemente, isto enfraquece o sistema imunológico das abelhas, tornando-as mais vulneráveis às doenças.
Existem estudos que relacionam diretamente o alimento de baixa qualidade com o enfraquecimento e morte das colónias. Todos os países têm tido grandes perdas (mortalidade de colmeias) todos os anos. Por exemplo, Espanha tem tido perdas na ordem dos 14 aos 89% e França 29,3% (Recent data compiled by the COLOSS working group).

A origem continua desconhecida, contudo, tudo indica que sejam inúmeros fatores, desde, pesticidas, doenças e as elevadas densidades de colmeias/ha.

Durante a floração do rosmaninho e Esteva (Março a inicio de Maio), é a única altura na região de Castelo Branco/Idanha-a-Nova, onde se reúnem as melhores condições para as abelhas em termos nutricionais, sendo os restantes meses do ano muito “pobres”, sendo bastante problemático as elevadas densidades de colmeias em algumas zonas, criando stress nas abelhas, pois têm de competir pelo alimento.
A título de exemplo, na Austrália, onde as produções/colmeia são muito boas (50 a 60kg de mel, em média, podendo atingir os 120kg), por lei, a distância entre apiários “comerciais” (100 colmeias), são de 1,5 a 2km, havendo regiões que chegam aos 3km.
Na região de Castelo Branco as colmeias produzem em média 15 a 20kg/colmeia, dependendo dos anos, mas podem atingir valores inferiores a 10kg/colmeia em anos maus.
No Alentejo as distâncias entre apiários é de 1,5 km, com um máximo de 75 colmeias/apiário. Se formos a ver a região de Castelo Branco, em termos edafo-climáticos e flora explorada pelas abelhas, pouco ou nada difere de muitas regiões do Alentejo.
Voltando aos espanhóis, imaginem zonas em que existem vários apiários com 100 colmeias, que distam entre si 450 a 500 metros, pois estão ilegais. É esta situação sustentável?
Isto tudo para fazer entender aos decisores e colegas apicultores que é necessário fazer algo urgentemente, pois o aumento do número de colmeias que estamos à espera na nossa região, devido aos projetos de jovens agricultores que estão em curso, juntamente com o aumento esperado do número de colmeias espanholas vai originar insustentabilidade, contudo já se verifica em muitas zonas.
Seria urgente, pelo menos, adotar as distâncias (1500 metros) e o número de colmeias máximo por apiário (75) que já é praticado no Alentejo, pois raros são os apiários portugueses nesta zona que têm mais de 75 colmeias.
O controlo das distâncias deveria ser efetuado logo no ato de registo anual das colónias, pois as tecnologias que já dispomos permitem de forma simples e eficaz saber com exatidão a distância. Basta criar uma base de dados com as coordenadas GPS dos apiários (prática comum já verificada noutros países). Isto evitava que as equipas do SEPNA (que têm feio um bom trabalho) recebessem tantas queixas por desrespeito de distâncias e falta de autorizações para a colocação de apiários espanhois.
Também deveria ser obrigatório a apresentação de uma autorização assinada pelo proprietário.
Esta alteração de distâncias não necessita de ser nacional, pois a flora difere de região para região, contudo, na nossa zona onde o Rosmaninho é dominante, é urgente a implementação de novas medidas.
Apenas em algumas regiões junto a Espanha se verifica esta problemática, fazendo com que a mensagem não chegue da forma devida, sendo esta situação menosprezada, pelo que se agradece a todos os colegas apicultores que se juntem a esta causa de forma a criar uma solução.
Cabe ao governo e às entidades competentes, reverem e pensarem o futuro que querem para a apicultura portuguesa, pois numa época de crise como a que estamos a atravessar é necessário criar condições favoráveis à instalação de jovens apicultores, criando desta forma postos de trabalho.
É o segundo artigo que público em que faço referencia ao problema dos apiários espanhóis, pelo que peço desculpa aos colegas que cumprem a lei da apicultura portuguesa e respeitam os proprietários e apicultores portugueses, agradecendo também que tenham “bom senso” e “sensatez” quando se virem confrontados com o aumento do número de colmeias portuguesas…
Saudações apícolas!
João Tomé
…um apicultor, pela apicultura…

domingo, 16 de setembro de 2012

Criação de raínhas 2012 - Breves considerações...


Este ano, foi o culminar e a reunião de um conjunto de ideias que fomos reunindo com experiências, tanto nossas como de outros colegas com experiencia, pesquisa, etc, de forma a optimizarmos a nossa exploração.
Como objetivos principais, tivemos sempre a qualidade das raínhas, contudo, uma vez que a criação de raínhas requer o cumprimento de determinadas regras e o respeito de "timing's", tem de haver alguma dedicação e tempo dispendido. Para isso tentamos desenvolver um modelo de mini núcleos que nos poupasse tempo e criamos um conjunto de procedimentos para rentabilizar e organizar o trabalho.
 
 
Criação compacta, um requisito na seleção das raínhas.
 
Os mini núcleos revelaram-se bastante bons, contudo achamos que em vez que 3 compartimentos de 4 quadros, 2 serão suficientes. A razão de ser tem principalmente a ver com a facilidade de maneio quando existe despovoamentos e quando no final de campanha reunimos todos os quadros sem separadores, achamos que 12 mini quadros são demais. Não parece agradar muito à raínha.
 
Esta irá ser uma das alterações por nós a praticar na próxima época. Ou reduzir os mini núcleos para 8 mini quadros, ou 10, sendo 2 deles alimentadores em cada compartimento.

 
Em relação às restantes funcionalidades dos mini núcleos, teremos também de melhorar a ventilação no estrado, se bem que caso coloquemos placas de poliuretano em cima do telhado a ventilação existente é mais que suficiente.
No restante, os mini núcleos revelaram-se bastante eficientes, pois o facto de terem quadros de encaixe (facilitanto os povoamentos) e permitindo ter um volume de abelhas que já proporciona alguma estabilidade e equilibrio às colónias, estas ficam com bastante força.


Alimentação à base de pasta de açucar.
 
Apesar de tudo, estamos a falar de mini colónias, havendo cuidados indispensáveis a ter, nomeadamente na alimentação. A alimentação liquida neste quadros alimentadores, tal como esperado, é catastrófica, pois acaba com a morte por afogamento de quase todas as abelhas, mesmo que tenhamos o cuidado de parafinar as paredes e colocar vegetação lá dentro.


Os discos de entrada (comprados as Sr. Urbano Rosa), também se revelaram bastante bons, dada a sua robustês. Os sectores "excluidores" de raínhas também funcionam bastante bem, pois as raínhas que inseminamos não têm saído, algo que pode acontecer caso seja de plástico.

 
Este Outono ainda vamos criar algumas raínhas, contudo serão para consumo próprio e para praticarmos inseminação artificial.
Alvéolos reais, é que esperamos ainda produzir alguma quantidade para procedermos a alguns desdobramentos que ainda temos por fazer.
 
Como considerações finais, esta foi uma época muito enriquecedora, onde aprendemos e evoluimos bastante, com alguns erros mas também sucessos... é assim mesmo, pois não nos podemos esquecer que estamos a trabalhar com insectos...!
 
Em relação à qualidade das raínhas, o "feedback" dos nossos clientes foi bastante bom, contudo a agressividade das abelhas continua a ser o aspeto que terá de ser melhorado. Uma vez que não conseguimos controlar os zangões na zona de fecundação e sendo esta uma das caracteristicas principais transmitida pelos mesmos faz com que haja alguma falta de homogeneidade nesta caracteristica.
 
Para isso vamos continuar a selecionar e adquirir genética com um bom comportamento.
 
Bem haja a todos os que têm contribuido direta ou indiretamente para o sucesso deste projeto, que tem como base e principios a "partilha de conhecimento"!
 
Cumprimentos,
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Monitorização das colmeias com o "Beetracker"


Já iniciamos a monitorização de algumas colmeias e núcleos com os quadros beetracker. Para já está a ser bastante interessante acompanhar a temperatura e humidade relativa no seu interior e comparar entre núcleos e colmeias com e sem alça.
 

 
Apesar de não ser significativa, existe alguma diferença entre os núcleos e as colmeias. A húmidade relativa é mais estável e elevada nos núcleos, contudo a temperatura atinge picos mais baixos nos núcleos.


 
Seria interessante poder vir a usar esta informação no maneio das colmeias, principalmente durante o periodo de inverno. Para já resta-nos tentar aprender e rentabilizar ao máximo esta tecnologia.
 
Cumprimentos,
 
João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

domingo, 12 de agosto de 2012

...trancas à porta, antes de casa roubada...

Felizmente, ainda não tivemos a tristeza de ter colmeias roubadas, contudo, por uma questão de precaução adquirimos recentemente vários quadros BeeTracker, de forma a controlar os apiários que temos mais expostos a possiveis roubos.



Esperamos, que além da detecção de roubos, a informação da temperatura, humidade e som dentro das colmeias, nos possa dar algumas indicações úteis no maneio das colónias.

Cumprimentos,

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"Visita à exploração de Gilles Fert"

Após alguns meses de organização (pois o Gilles Fert parece ter uma agenda muito preenchida) foi possível visitar a exploração de criação de raínhas e instalações de Gilles Fert, o maior produtor de raínhas da Europa.


Passamos um dia completo na sua presença, onde nos foi explicado ao pormenor todos os passos da criação de raínhas (por ele praticada), a forma como faz paquetes de abelhas, colecta o polén, o propolis e todos os meios e instrumentos que utiliza para estes fins.
Também nos foi dada uma breve explicação sobre inseminação artificial e técnicas de produção de zangões.

No segundo dia de visita, fomos visitar dois grandes apicultores, onde foi possível visitar as suas instalações, melarias, falar sobre os seus instrumentos e técnicas de trabalho, etc.

Quanto à visita à exploração de Gilles Fert, existem poucos adjectivos que consigam descrever o quanto positivo e enriquecedor foi, pois foram muitas as ideias que trouxemos e uma perspectiva diferente da apicultura Francesa.

Tudo começou por uma breve recepção na sua casa apícola, onde tomamos um chá, nos apresentamos, e demos inicio a esta mini formação.

Segundo Gilles Fert, produz cerca de 6000 raínhas por ano, sendo na sua maioria encomendas de grande escala, dividindo os apiários de fecundação por lotes, correspondendo cada lote a um cliente.
Um vez que tem 6 filhos, por brincadeira, dissemos-lhe que tinha um filho por cada 1000 raínhas... já sabem, se quiserem ter filhos, têm de ir para a França criar raínhas... lol

Há mais de 20 anos que usa os mini núcleos Kieler e pelos vistos vai continuar a usar pois continua bastante satisfeito.

Algo que nos impressionou, foi o preço das raínhas matrizes, pois tem lá raínhas, que segundo ele, custaram 2000 euros... (eu como trouxe algumas filhas, se alguém as quizer comprar por 500 euros, julgo que fazem um bom negócio! lol)

A raça mais usada por ele e pelos clientes é a Caucásica que cruzam com a abelha negra (nativa), sendo os híbridos a prática mais comum, contudo parece que alguns apicultores estão a regressar apenas à abelha nativa.

Durante a visita tinha algumas rainhas italianas a nascer, que pertenciam a uma linha de abelhas seleccionada para produção de geleia real.

Segundo Gilles Fert, tem havido perdas de colmeias na França na ordem dos 30 a 40% anuais, havendo apicultores que as perdem na totalidade, tendo sido algo que nos atormentou! Quanto ás causas, parecem ser várias, contudo os pesticidas usados na agricultura e os níveis elevados de produtos químicos nas ceras (resultantes dos sucessivos tratamentos), parecem dar o seu contributo.

Algo que nos motivou, (principalmente a nós), foi saber o quanto são importantes os produtos em modo de produção biológico, pois a sua procura tem disparado, sendo a procura bem superior à oferta.

Quanto à visita a dois grandes apicultores franceses durante o segundo dia, foi muito interessante saber como trabalham, se organizam, a importância que dão às raínhas seleccionadas e ver o nível de vida que têm, pois os produtos da colmeia são bem mais valorizados que no nosso país, sendo os rendimentos bem superiores.

Foram muitas as ideias e conhecimentos assimilados durante a visita, contudo, como devem compreender é muito difícil expôr tudo ao pormenor, pois cada um de nós tomou atenção e reteve os assuntos, conforme os seus interesses próprios.

Deixo algumas fotos desta fantástica visita que soube a pouco:



- Queijinho de Monsanto, terra mais portuguesa de Portugal -



Com o tempo a traça encarrega-se de limpá-las!











Cupulas para produção de geleia real



Quadro de banco de raínhas

Vista parcial do apiário de fecundação











Quadros de criação da raça caucasica




Teste de limpeza

Uma raínha matriarca

Colecta de polén













E como nem só de abelhas se vive, lá fomos comer pato, o prato de carne mais comum...






Algumas fotos da visita a dois grandes apicultores:







Um visita que soube a pouco e nos incentivou a organizar mais visitas do género, pois regressamos mais "ricos"!

Cumprimentos,

João Tomé
...um apicultor, pela apicultura...